segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Travestis buscam o anonimato e a visibilidade



Mestranda em antropologia realiza estudo com travestis e mostra que a identidade deles é caracterizada por um conflito entre a busca pelo anonimato e o querer ser notado





Clécio Vidal





Pesquisa realizada no Departamento de Antropologia revela que a identidade dos travestis é caracterizada pela ambigüidade e pela constante transformação. Segundo a mestranda Cecília Patrício, essas características, e não o interesse financeiro, seriam a principal responsável pelas constantes mudanças de cidade, evidenciadas nos travestis que também praticam a prostituição.



De acordo com a pesquisadora, a identidade dos travestis é marcada por um conflito entre a busca pelo anonimato e, ao mesmo tempo, pela visibilidade. "Durante o estudo, percebi que travestis saíam pelas ruas vestidos de mulher, mas também procuravam formas de passar despercebidos, usando óculos escuros, por exemplo", afirma Cecília.



Sendo assim, para ela, o travesti não se trata apenas daquele homem que se veste com roupas femininas e usa cores chamativas, mas do indivíduo que procura assumir e simultaneamente ocultar sua identidade, mediante modificações no corpo e no comportamento.



Segundo Cecília Patrício, a concentração de travestis em espaços restritos como boates e mesmo em pontos de prostituição, além da opção pela aparição durante a noite, confirmam a identidade ambígua dessas pessoas. "O fato de alguns dos entrevistados terem durante algum tempo deixado de se travestir e depois voltado a fazê-lo revela o caráter dinâmico no travestismo", conta a pesquisadora.



Um dos focos da pesquisa, centrada na cidade de Campina Grande, é a análise da constante mudança de lugar dos travestis. De acordo com a pesquisadora, a mobilidade espacial desses indivíduos é explicada também pelo duplo caráter de sua identidade. O fator econômico não é o único impulsionador da procura por cidades sempre maiores, no caso dos que praticam a prostituição. A principal causa dessa constante mobilidade é a necessidade que o travesti tem de aparecer e ser anônimo.



"Os travestis que saem do interior, onde são completamente discriminados, buscam um lugar onde possam mostrar-se com menos preconceitos. Mas o desejo de chamar atenção e ainda permanecer anônimo impulsiona o travesti a estar sempre se deslocando", esclarece. Antes de começar a ser vítima do preconceito, ele se muda, mas a mudança também significa a oportunidade de aparecer em outros lugares.



De acordo com a pesquisadora, Campina Grande é uma cidade de grande concentração de travestis por ser um lugar de passagem obrigatória para outras localidades na Paraíba (o que aumenta a visibilidade), além de ser um ponto que facilita o acesso para a capital do Estado, João Pessoa, e de lá para outras capitais e até o exterior. "Ao trabalhar num lugar diferente de onde mora, o travesti tenta conciliar as esferas de vivência pública e da intimidade", explica Cecília.



Mas o fator econômico pode, algumas vezes, ser o único responsável por esta busca simultânea pelo anonimato e pela visibilidade. "Existem travestis que só o são no momento em que exercem a prostituição. Eles aproveitam características femininas que possuem para utilizá-las na prostituição, mas no restante do tempo se comportam como heterossexuais", diz a mestranda.



Ela conta que a mudança de identidade é uma característica tão marcante do travestismo, que não é incomum o fato de homens travestis se casarem com mulheres e de travestis que encontram uma companheira e deixam de travestir-se. A pesquisadora afirma que, além da constante mudança de lugar, os travestis estão sempre buscando variar a aparência e também a profissão. Cecília Patrício define o travesti como alguém com o desejo de possuir múltiplas identidades.





Glossário



Travesti: homem ou mulher que se veste e assume características físicas ou psicossociais atribuídas ao sexo oposto. Estão incluídos nessa definição aqueles que praticam o homoerotismo. O travesti também se caracteriza pelo uso de hormônios no corpo, e do silicone. Ele se distingue do transexual por não querer fazer a cirurgia da retirada do membro sexual.



Transexual: homem ou mulher que deseja ser do sexo oposto, submetendo-se à cirurgia para transformação sexual.



Transformista: Pessoa que, mudando de traje, disfarça-se rapidamente. Pessoas que se trajam como o sexo oposto para eventos, festas e shows.



Homossexual: Desejo, afeto e relaciona-mento de uma pessoa com outra do mesmo sexo. A maioria dos travestis, transformistas e drag queens fazem parte desse grupo.



Drag queen: homem que se veste de mulher, utilizando roupas exóticas e maquiagem carregada, como diversão ou trabalho. A drag queen trabalha, normalmente, em bares e casas de espetáculos. O homem não chega a parecer feminino porque a drag é o exagero da femininilidade.







Eles são vítimas do preconceito



Christiane Falcão e Carla Ferri, travestis que já trabalharam em boates no exterior, atualmente exercem a atividade de cabeleireiro. Sem se prostituir, as duas afirmam que, ainda assim, são vítimas da discrimação no Brasil. "Na França, por exemplo, foi possível assumir plenamente minha identidade. Lá, a pessoa pode sair até mesmo pintada de tinta fosforescente, que ninguém mexe com você", revela Christiane.



Elas consideram sua carreira profissional consolidada, um dos motivos de serem menos vitimadas pelo preconceito. Raquel Simpson tem a mesma opinião. "Se o travesti não se destaca profissionalmente, vai acabar tendo que se dedicar à prostituição, e, na maioria das vezes, por conseqüência, ao roubo", declara.



Raquel Simpson ganha a vida animando festas infantis. Ela diz que só se traveste à noite, pois há poucas oportunidades de emprego para os travestis. "Fiz uma opção. Entre estar travestida todo o tempo e ser marginalizada socialmente, prefiro ter um lugar na sociedade".



O fato de só se vestir com roupas femininas durante um período do dia não a incomoda. Ela conta que só se traveste para mostrar sua feminilidade aos homens e não por extravagância. Até mesmo os homossexuais discriminam os travestis. Essa revelação foi feita por Carla Ferri, que conta o caso de um amigo seu barrado numa sauna gay.



O preconceito faz com que Christiane Falcão tenha um número reduzido de amizades. "São poucas as pessoas em que você pode confiar de verdade. Acho que a única pessoa que é 100% minha amiga é minha mãe." Além de não se ligar muito às pessoas, Christiane Falcão não se prende aos lugares. "Eu não gosto da mesmice. Tenho uma alma cigana". Entre as religiões, os travestis preferem os cultos afro-brasileiros. "Neles somos olhados não pela nossa aparência, mas pelo nosso interior", declara Christiane.



quarta-feira, 16 de junho de 2010

CHACRAS

Os chacras são nossos "órgãos espirituais", localizados no duplo etérico, eles captam a energia vital e a distribuem para o corpo, mantendo nossas funções físicas. São centros de força, verdadeiros metabolizadores com forma espiralada que possuem hélices girando no sentido do relógio. Esses vórtices emitem não só energia mas padrões de consciência. Tudo isso é distribuído ao corpo através das glandulas endócrinas. Os chacras também são dispositivos que "sentem" a energia e nos informam sobre o mundo a nossa volta. O descontrole ou obstrução do chacra pode atingir nossa energia vital e nosso psiquismo, trazendo consequências para a saúde e a vida. Já o seu bom funcionamento estimula o auto-conhecimento e a realização não só na vida material como espiritual.

Os 7 chacras mais importantes são:
Coronário (violeta e dourado)
Frontal (índigo/violeta)
Laríngeo (azul)
Cardíaco (rosa)
Plexo solar (amarelo)
Umbilical (laranja)
Básico (vermelho)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Frases de Allan Kardec

"A esperança e a caridade são uma consequencia da fé."

"A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um."

"Os homens semeiam na terra o que colherão na vida espiritual: os frutos da sua coragem ou da sua fraqueza."

"Só é inabalável a fé que pode enfrentar a razão face a face, em todas as épocas da Humanidade."

"Os males deste mundo estão em razão das necessidades fictícias que criais para vós mesmos."

"Não se pode ter, guia mais seguro, do que tomando como medida do que se deve fazer aos outros, o que se deseja para si mesmo."

"Nascer, Morrer, Renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei."

"Não se aflija por antecipação, porquanto que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte."

"Possuímos em nós mesmos, pelo pensamento e a vontade, um poder de ação que se estende muito além dos limites de nossa esfera corpórea."

"Na ausência dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado."

"A cada nova existência, o homem tem mais inteligência e pode melhor distinguir o bem e o mal."

"Aquele que sabe limitar seus desejos e vê sem inveja o que está acima de si, poupa-se a muitas decepções desta vida."

"Toda a paixão que aproxima o homem da natureza animal, o distancia da natureza espiritual."

"O homem é assim o árbitro constante de sua própria sorte. Ele pode aliviar o seu suplício ou prolongá-lo indefinidamente. Sua felicidade ou sua desgraça dependem da sua vontade de fazer o bem."

"A verdadeira pureza não está apenas nos atos, mas também no pensamento, pois aquele que tem o coração puro nem sequer pensa no mal."

"Todo o sentimento que eleva o homem acima da natureza animal, anuncia a predominância do Espírito sobre a matéria e o aproxima da perfeição."

"O homem é um Deus para os animais, como outrora os Espíritos foram deuses para os homens."

"Depende do homem amenizar seus males e ser tão feliz quanto se pode ser sobre a Terra."

"A nossa felicidade será naturalmente proporcional em relação à felicidade que fizermos para os outros."

"O apego às coisa materiais é um sinal notório de inferioridade, porque quanto mais o homem se prende aos bens do mundo, menos compreende sua destinação."

"A lei natural traça ao homem o limite de suas necessidades, e quando ela a ultrapassa, é punido pelo sofrimento."

"O sinal mais característico da imperfeição do homem, é o seu interesse pessoal."

"O sábio, para ser feliz, olha abaixo de si e jamais acima, a não ser para elevar sua alma até o infinito."

"No intervalo das encarnações, aprendeis em uma hora o que vos exigiria anos sobre a vossa terra."

"Os obstáculos ao cumprimento da lei divina decorrem dos preconceitos sociais e não da lei civil."

"A felicidade dos Espíritos é sempre proporcional à sua elevação."

"Com suas paixões, o homem criou para si suplícios voluntários, e a Terra torna-se para ele um verdadeiro inferno."

"Toda pessoa que serve além do dever, encontrou o caminho para a verdadeira felicidade."

"Certos pais, é verdade, descuidam de seus deveres, e não são para os filhos o que deviam ser. Mas é a Deus que compete puni-los, e não aos filhos."

"É certo que, no bom sentido, a confiança nas próprias forças torna-nos capazes de realizar coisas materiais que não podemos fazer, quando duvidamos de nós mesmos."

"Deus colocou no coração do homem a regra de toda a verdadeira justiça, pelo desejo de cada um de ver seus direitos respeitados."

"Os bons espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorar. Os espíritos inferiores, com os homens viciosos ou que podem viciar-se. Daí seu apego, resultante da semelhança de sensações."

"Os espíritos protetores nos ajudam com os seus conselhos, através da voz da consciência, que fazem falar em nosso íntimo - mas como nem sempre lhes damos a necessária importância, oferecem-nos outros mais diretos, servindo-se das pessoas que nos cercam."

"O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade é a fonte de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver o outro, tal deve ser o objetivo de todos os esforços do homem, se quer assegurar sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro."

"Com a inveja e o ciúme, não há calma nem repouso para aquele que está atacado desse mal: os objetos de sua cobiça, de seu ódio, de seu despeito, se levantam diante dele como fantasmas que não lhe dão nenhuma trégua e o perseguem até no sono."

"O sublime da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o próximo, sem oculta intenção."

"A paternidade é, sem contrapartida, uma missão; é ao mesmo tempo um dever muito grande e que obriga, mais do que o homem pensa, sua responsabilidade pelo futuro."

"Estude a si mesmo, observando que o auto-conhecimento traz humildade e sem humildade é impossível ser feliz."

"Há leis naturais e imutáveis, sem dúvida, que Deus não pode anular segundo os caprichos de cada um. Mas daí a acreditar que todas as circunstâncias da vida estejam submetidas à fatalidade, a distancia é grande."

"O verdadeiro homem de bem é aquele que faz a outrem aquilo que queria que os outros lhe fizessem."

"Vosso espírito se elevará mais depressa se já progrediu em inteligência."

"Honrar o pai e a mãe não é somente respeitá-los, mas também assisti-los nas suas necessidades; proporcionar-lhes o repouso na velhice; cercá-los de solicitude, como eles fizeram por nós na infância."

"A natureza das vicitudes e das provas que suportamos pode, também, nos esclarecer sobre o que fomos e o que fizemos, como neste mundo julgamos os fatos de um culpado pelos castigos que lhe infringe a lei."

"A paixão está no excesso acrescentado à vontade, porque o princípio foi dado ao homem para o bem e as paixões podem levá-lo a grandes coisas, sendo o abuso que delas se faz que causa o mal."

"Os Espíritos, em se depurando pelas encarnações sucessivas, perdem o egoísmo, como perdem suas outras impurezas."

"O homem deve se resignar e suportar os males sem murmurar, se quer progredir."

"O meio mais eficaz de combater a predominância da natureza corporal, é praticando a abnegação corporal."

"A fé necessita de uma base, e essa base é a perfeita compreensão daquilo em que se deve crer. Para crer, não basta ver, é necessário compreender."

"O progresso da humanidade tem seu princípio na aplicação da lei de justiça, de amor e de caridade."

"A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade."

"Você receberá, de retorno, tudo o que der aos outros, segundo a lei que nos rege os destinos."

A vida após a morte




Afinal, existe consciência após a morte? Este é um dos maiores mistérios da humanidade.

Segundo Carlos Antonio Fragoso Guimarães a Psicologia Transpessoal é a corrente mais avançada em Psicologia que acredita na consciência pós a morte. Segundo Carolina Ioca a Psicologia Transpessoal é um instrumento de pesquisa da natureza essencial do ser. Para ela a energia nunca morre, mas sempre se transforma. A energia seria igual a consciência que seria igual ao infinito.






Aporte a Psicologia, na medicina, uma pesquisa de quase morte feita em dez hospitais da Holanda, pelo dr. Sam Parnia e o dr. Peter Fenwick observou mil e quinhentas pessoas em seu leito de morte. Destas, noventa por cento sofreram ataques cardíacos e dez por cento, foram vítimas de acidentes.





Foram constatadas mortas pois o coração, a respiração e os impulsos cerebrais haviam parado.





Dez por cento destes pacientes, que puderam ser ressuscitados, tiveram certas experiências no tempo em que estavam mortos.






Como exemplo relataram que podiam ver e ouvir o que estava acontecendo na sala onde estavam. Já que haviam sido considerados mortos, como isso pode acontecer? Alguns pacientes reconheceram pessoas que ajudaram na sua ressurreição. Outros se lembram das conversas entre os médicos. Eles enxergavam o que os médicos faziam para trazê-los de volta à vida.





Estas pesquisas são muito curiosas. Como explicar que pessoas devidamente mortas possam ter vivenciado as situações reais que ocorriam no hospital.





Nesta mesma pesquisa alguns pacientes experimentavam inclusive ver e ouvir coisas em outros lugares do hospital. Um deles, relatou que foi até o recinto ao lado e conversou com uma mulher que também estava clinicamente morta.






Um relato impressionante foi que enquanto do lado de dentro os médicos trabalhavam pra ressuscitar um homem, este mesmo homem jura que foi passear, viu um conhecido no parque, o que foi confirmado depois pelo próprio.






Neste mesmo passeio o paciente testemunhou um atropelamento na rua. O atropelado e o paciente chegaram até a conversar. O atropelado sumiu em uma luz, o paciente sentiu uma forte atração para voltar para o hospital.






Os pesquisadores checaram a história na delegacia. O atropelamento aconteceu exatamente como ele falou. Incrível!






A pesquisa foi tão motivadora que os médicos formaram uma fundação para estudos sobre vida pós morte, vista a necessidade de continuar pesquisas em escala maior.






Depois de tomar conhecimento desta pesquisa, comecei a pensar que certamente pode existir consciência após a morte.







domingo, 28 de março de 2010

O que se dá para um amigo

Amigo é um ser muito especial na vida de cada um de nós. Quem tem um amigo, guarda a certeza de que jamais enfrentará tempestades a sós

Sempre poderá contar com um ombro acolhedor, uma mão que se estende, alguém que chora e se alegra com as suas dores e as suas alegrias.

E quando se deseja presentear um amigo, o que se deve dar?

Por vezes, ficamos preocupados, porque desejamos ofertar o melhor ao amigo e nos faltam recursos amoedados.

Essa indagação nos recorda de uma história que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial, em terras alemãs.

O tempo era de escassez, de medo e perseguições. A família era alemã, em solo alemão, ocultando, na intimidade da sua casa, um judeu.

Pior que tudo: um judeu enfermo. E Max era isso: um judeu muito doente.

A menina da casa lhe cedeu a cama. Ela já fora conquistada por aquele homem solitário e tão perseguido. Somente por ser judeu.

Fora conquistada pela sua forma de parecer invisível, de não desejar incomodar, de quase se sentir culpado por existir.

Quantas horas haviam passado juntos! Mas agora ele estava ali, imóvel, sobre o leito e o prognóstico não era dos melhores.

Não se podia chamar um médico para medicá-lo. Isso significaria prisão para todos.

Não havia nada que se pudesse fazer. A não ser amá-lo.

A menina pensou que se lhe desse motivos para viver, Max retornaria à vida, sairia daquele torpor em que a febre, a tristeza ou o que fosse o mergulhara.

Assim, todas as tardes, ela passou a ler, em voz alta para ele. Era um livro de quase 400 páginas.

Ela lia, falava com Max e o convidava a acordar, dia após dia.

Depois ela pensou em lhe levar presentes. Primeiro, foi uma bola furada que encontrou na rua.

Ela queria que ele tivesse motivos para viver. Achou uma fita na sarjeta, um botão encostado numa parede da sala de aulas, uma pedrinha chata e redonda do rio.

Todos os dias, voltando da escola, ela procurava algo que pudesse levar para ele.

Um invólucro de bala liso e desbotado. Uma pena linda, encontrada presa na dobradiça de uma porta.

Finalmente, ela quis lhe dar uma nuvem.

Como se pode dar uma nuvem a alguém?

Então a descreveu para Max.

Era uma nuvem gigantesca. Como uma grande fera branca e veio por cima das montanhas.

Imaginou a nuvem passando de sua mão para ele, através dos cobertores. E a escreveu num pedaço de papel, colocando a pedrinha em cima.

Tudo era deixado na mesa de cabeceira. Os tesouros de uma menina para um judeu que tinha perdido a vontade de viver.

Finalmente, um dia, ele abriu os olhos.

Quando ela o viu, ele estava sentado na cama, com a bola murcha de futebol no colo.

Max sorria, acariciando cada um dos preciosos presentes na mesa de cabeceira.

Adorei a nuvem! - disse ele.

E não voltou a adoecer.

Por que ter filhos?


Educar exige esforço. Que o digam os pais e, em especial, as mães que, de um modo geral, ficam mais horas com a criança. É uma tarefa árdua com certeza.

Há dias em que a irritação atinge o auge. São aqueles em que as crianças parecem ter acordado com o fiel compromisso de nos atormentar.

É em momentos assim que se pode explodir com a frase: Ai, meu Deus, por que eu fui ter filho?

A frase cai como uma bomba sobre um pequeno traquinas, esperto e disposto a todas as brincadeiras.

Ao ouvir isso ele pode se sentir rejeitado, sem lugar no mundo, responsável por uma situação que, em verdade, não criou.

É todo um conjunto de circunstâncias que nos leva a desabafar desta forma.

É a preocupação com os afazeres domésticos, os compromissos profissionais em que somos cobrados pela produtividade e desempenho.

É o dinheiro que falta para cobrir todas as despesas. E, para completar, um dia de chuva após o outro e as crianças gritando, tirando tudo do lugar, correndo pelos quatro cantos da casa, sem parar.

O desabafo tem outras maneiras de ser expressado e outros momentos também. Quando chegam as mensalidades da escola, quando nos damos conta de que há necessidade de comprar novos agasalhos, calçados, um novo livro.


De todo modo, para os filhos que ouvem, o sentimento que é passado é o de rejeição. Eles são um estorvo na vida dos pais. Um peso. Melhor fora se não tivessem nascido.

Como o fato não é isolado e único, eles ouvirão mais de uma vez essa ou aquela frase, afirmando o mesmo.

E crescerão crianças tristonhas, sentindo-se demais em todo lugar. Terão possibilidades de se tornar adultos ensimesmados, retraídos, com medo de se achegar às pessoas, por se considerarem não amados.

Em suas amizades, poderão enfrentar dificuldades, acreditando-se a mais em qualquer circunstância.

* * *

A palavra tem força criadora.

Com ela podemos produzir a ventura ou a infelicidade. Podemos construir o bom e o belo, ou a maldade.

Pensemos nisso no contato com os nossos filhos. Reflitamos antes de nos expressarmos e não nos permitamos inconsequências em nossas palavras.

As crianças devem ser educadas, receber disciplina. Para tal bastam as expressões da coerência, a explicação do bom senso, a paciência das horas.

Recordemos que até hoje as palavras do Cristo nos são repetidas diariamente, através das mensagens dos imortais, das páginas dos Evangelhos, dos exemplos dignificantes. E ainda assim, permanecemos refratários, pouco ou quase nada assimilando.

E Deus, nosso Pai, que nos criou para a alta destinação da perfeição nunca nos diz que somos um estorvo na Criação, por mais que erremos, por mais rebeldes que sejamos diante do Seu amor.

Tudo porque a mensagem da educação é de amor e de renúncia, que sabe esperar no tempo a melhoria do ser amado.

* * *

A palavra conduz a estados d'alma os mais diversos.

Pela palavra podemos iluminar caminhos em sombras, traçar veredas de segurança, acalentar quem se aninha em corpos minúsculos à busca de carinho e educação.

Pela palavra podemos criar estados de otimismo e lições de amor.

Por utilizar a palavra com sabedoria, o Senhor Jesus foi denominado o verbo Divino. Suas expressões comoveram a Terra e ensejam até hoje a elaboração de um sem número de obras que convidam a criatura ao amor.